quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

“Desvendar o Invisível – uma perspetiva da economia do dia a dia” – BookReview de Maria Branco

 “Desvendar o Invisível – uma perspetiva da economia do dia a dia” – BookReview de Maria Branco

Autores:

Steven David Levitt é um economista norte americano e professor de Economia da Universidade de Chicago, nasceu a 29 de maio de 1967, em Boston, formou-se na Universidade de Harvard em Economia e é doutorado pelo Instituto de Tecnologia de Massachusetts, conhecido pelo seu livro em parceria com Stephen J. Dubner, onde usa a teoria econômica para explicar de forma inusitada fenômenos da vida cotidiana. Foi também premiado com a Medalha John Bates Clark em 2003.

Stephen J. Dubner é um jornalista norte americano, autor de quatro livros e inúmeros artigos, nasceu a 26 de agosto de 1963, em Nova Iorque, formou-se na Escola de Artes da Universidade de Columbia, é mais conhecido por ser o coautor do livro Freakeconomics.

 


O Livro:

O Livro “Freakonomics”, analisa teorias e métodos económicos que ajudam a decifrar o que é feito no nosso dia a dia e apresenta também perguntas “normais”, como por exemplo, o impacto que o nome escolhido tem no destino das pessoas, a conexão entre a queda nos índices de criminalidade e a legalização do aborto, tudo isto é abordado utilizando dados e factos reais.

Este livro começa com uma análise dos anos 90, onde a criminalidade violenta aumentou nos Estados Unidos, e os especialistas previram que continuaria a aumentar fenomenalmente, mas ao contrário do esperado diminui, mostrando que a verdadeira razão teria sido a legalização do aborto há 20 anos.

Capítulo 1:

Neste capítulo, Levitt define incentivos como uma chave, com o poder de mudar uma situação, para ele os incentivos são a pedra angular da vida moderna, sendo assim fundamentais para compreender os comportamentos e eventos humanos.

Ele identifica três tipos de incentivos:

·       Moral;

·       Social;

·       Económico.

 Muitas vezes, esses tipos sobrepõem-se ou substituem-se, como no exemplo das campanhas antitabagismo, que combinam incentivos econômicos (impostos elevados), sociais (proibição de fumar em lugares públicos) e morais (associação do fumo com financiamento de atividades ilícitas).

Levitt enfatiza: 'A moralidade, pode-se argumentar, representa a forma como as pessoas gostariam que o mundo trabalhasse; a economia representa como ele realmente funciona.'

O autor questiona a 'sabedoria convencional', frequentemente aceita sem questionamento, como exemplificado pela crença de que beber oito copos de água por dia é essencial para a saúde, apesar da falta de comprovação científica. Levitt desafia os leitores a investigar as verdadeiras causas por trás dos eventos dramáticos.

Um exemplo polêmico apresentado é a relação entre a queda nas taxas de criminalidade nos EUA e a legalização do aborto duas décadas antes, sugerindo que mudanças distantes podem ter impactos sutis, mas profundos.

Um exemplo intrigante apresentado é o de uma creche que tentou reduzir atrasos através de uma multa. Contudo, os atrasos aumentaram, pois os pais passaram a encarar a multa como um custo econômico, e não como uma obrigação social ou moral.

Capitulo 3:

No capitulo 3 de 'Freakonomics', Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner analisam a economia do crime, com foco nos incentivos enfrentados pelas gangues de rua americanas envolvidas com a cocaína e crack. O capitulo explora como os poucos membros no topo das gangues lucravam significativamente, enquanto a maioria permanecia no negócio com a esperança de ascender na hierarquia, apesar das condições adversas.

Os autores questionam a sabedoria convencional, que muitas vezes idealiza o passado como uma época de menos criminalidade. No entanto, as estatísticas mostram que a criminalidade hoje é consideravelmente menor do que nos séculos XVIII, XIX e mesmo no início do século XX. Eles atribuem essa redução a incentivos morais, sociais e econômicos mais eficazes presentes atualmente.

Um exemplo de causa distante com impacto dramático é a invenção da cocaína crack nos anos 1970, que contribuiu para o aumento das taxas de criminalidade e mortalidade em comunidades negras nos EUA. A combinação de um método de produção barato e uma demanda crescente fez do crack uma droga amplamente acessível e destrutiva.

A cocaína crack surgiu como uma alternativa barata à cocaína tradicional, tornando-se rapidamente popular nas ruas americanas. Misturada com bicarbonato de sódio e água, a substância proporcionava uma alta intensa, mas de curta duração, incentivando os usuários a consumi-la repetidamente. Isso resultou em uma explosão na demanda e na lucratividade para as gangues de rua.

A chegada do crack coincidiu com um excesso de cocaína na Colômbia, que foi aproveitado por Oscar Danilo Blandon, um traficante nicaraguense. Blandon fornecia grandes quantidades de cocaína para gangues negras de rua, que transformavam a substância em crack e a distribuíam em comunidades vulneráveis.

Até a chegada da cocaína crack, a comunidade negra nos EUA vinha realizando grandes avanços em direitos civis, saúde, educação e poder econômico. Contudo, o crack causou um retrocesso significativo nesses progressos. A mortalidade infantil e as taxas de criminalidade dispararam em bairros negros, marcando um período de grande destruição social.

Levitt destaca que, numa escala maior, o crack contribuiu para a maior onda de criminalidade já vista nos EUA, que começou a declinar apenas nos anos 1990, devido a fatores inesperados como a legalização do aborto.

Capitulo 5:

No capítulo 5 de 'Freakonomics', Steven D. Levitt e Stephen J. Dubner exploram como a parentalidade tornou-se um campo intensamente estudado e como as percepções erradas de risco influenciam as decisões parentais. Os autores destacam que especialistas em paternidade frequentemente utilizam o medo para vender ideias e produtos, muitas vezes sem base científica sólida.

Os seres humanos são, em geral, ruins em avaliar riscos reais. Tendem a temer perigos imediatos, como o terrorismo, mesmo que problemas distantes, como doenças cardíacas, sejam muito mais letais. Esse fenômeno influencia decisões individuais e políticas públicas, favorecendo reações desproporcionais a riscos menores.

Os autores dão exemplos como o caso da 'doença da vaca louca' em Nova Jersey, que levou muitos a parar de comer carne, e a comparação entre mortes em acidentes de carro e acidentes aéreos. Embora o carro seja estatisticamente mais perigoso, o avião é mais temido por parecer uma ameaça mais imediata.

Quando os pais tentam proteger seus filhos, frequentemente compram produtos que prometem segurança, mas nem sempre são eficazes. Por exemplo, o benefício real de cadeiras infantis em carros é que elas mantêm as crianças no banco traseiro, onde estão mais seguras, e não o design da cadeira em si. Os autores também mostram como o medo pode ser desproporcional ao risco real.

Armas vs. Piscinas: Um Exemplo Revelador:

Os dados apresentados no capítulo revelam que as piscinas representam um risco significativamente maior para crianças do que armas de fogo. Para cada 11.000 piscinas residenciais nos EUA, uma criança se afoga anualmente, resultando em cerca de 550 mortes. Por outro lado, para cada 1 milhão de armas, há uma morte infantil, resultando em 175 mortes anuais. Apesar disso, os pais tendem a temer mais uma arma do que uma piscina.

Esse contraste destaca como a percepção de risco é frequentemente moldada pelo medo e pela indignação, e não pela probabilidade real de perigo. Como os autores apontam: 'Se ambos possuem uma arma e uma piscina em seu quintal, a piscina tem cerca de 100 vezes mais probabilidade de matar uma criança do que a arma.'

Análise Crítica:

Este livro utiliza a economia como principal instrumento para se conseguir perceber, algumas das preferências sociais que não estão diretamente ligadas à economia.

O facto de o livro analisar temas sensíveis, pode trazer várias questões sociais e relações quantitativas, sem existir a devida preocupação com impactos qualitativos e éticos

Relação com o Conteúdo:

O livro enquadra-se melhor em conteúdos como o desenvolvimento organizacional, comportamento organizacional e recompensas e remunerações

A forma como Freakonomics utiliza dados para questionar a sabedoria convencional é uma prática fundamental no Desenvolvimento Organizacional. Diagnósticos precisos, baseados em evidências e não em suposições, são essenciais para disciplinas bem-sucedidas.

O livro explora como diferentes tipos de incentivos (econômicos, sociais e morais) influenciam o comportamento humano, muitas vezes de maneiras inesperadas. Esse conhecimento é crucial na GRH para criar políticas de retribuições, bônus e recompensas que alinhem os objetivos dos funcionários com os da organização.

Sobre mim:

Sou a Maria Branco, tenho 20 anos, sou de Armação de Pera.

Frequento a licenciatura em Gestão de Recursos Humanos, no ISMAT, em Portimão, a qual me encontro no último ano.

 

 

Caro/a Leitor, para Citar esta BookReview, use esta referência final:

Branco, M. (05/12/2024). “Desvendar o Invisível – uma perspetiva da economia do dia a dia”. Book Review Orientada por PhD Patrícia Araújo no âmbito da unidade curricular de ‘Métodos de Intervenção e Desenvolvimento Organizacional’. ISMAT-Instituto Superior Manuel Teixeira Gomes. Disponível em:

 

Ligações Relevantes e Fontes Externas:

·       https://pricetheory.uchicago.edu/levitt/

·       https://www.wnyc.org/people/stephen-dubner/

·       https://www.ismat.pt/

·       https://www.wook.pt/livro/freakonomics-o-estranho-mundo-da-economia-stephen-j-dubner/175169?srsltid=AfmBOoqxqXvsHXZoNHJtsqz0FLsR7xB1THx6QTcft-IXdDegP8jmPXis

·       https://www.youtube.com/watch?v=5UGC2nLnaes

 

Referências Bibliográficas

D. Levitt, S., & J. Dubner, S. (2005). Freakonomics - O estranho mundo da economia. Editorial Presença.

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